- Lucas Fiore
O desacerto que trouxe nova perspectiva.
Atualizado: 4 de set. de 2023
Mudei de apartamento recentemente. Fazia tempo (mais de 3 anos!) que eu não pendurava uma foto de minha autoria na parede de casa. Um clássico exemplo de “em casa de ferreiro o espeto é de pau”. Sendo que na minha opinião, um dos maiores prazeres da prática fotográfica é observar uma fotografia de produção própria pendurada na parede de casa. De preferência, uma foto que traga boas sensações, seja pelo resultado final, seja pela lembrança do momento que foi tirada.
Parece tarefa simples, certo?
Nem tanto! Pois envolve conhecimentos nada básicos. Vou recapitular, de maneira superficial, alguns dos conhecimentos necessários:
1- Curadoria/Edição. É necessário saber selecionar e tratar adequadamente as fotos a serem impressas. Envolve tempo, sensibilidade artística, e conhecimento em editor de imagens. É também necessário saber exportar a foto na melhor qualidade possível (pelo menos na maior qualidade que uma impressora saiba reconhecer).
2- Impressão. Aqui é onde as coisas ficam realmente complicadas. Existem algumas variáveis: tipo do papel de impressão (material, gramatura). Técnica de impressão. Tinta / pigmento utilizado. Tipo / marca de impressora utilizada. Quantidade de pixels da foto (megapixels versus pixels por polegada, e outros). Tipo de vidro. Tamanho da impressão (Se necessário, utilização de softwares para aumento do tamanho da imagem sem perda significativa de qualidade). Serviço que vai te atender (local, cordialidade e competência no atendimento). Prazo de entrega. Custo-benefício.
3- Noção de design de ambientes. Para combinar as gravuras com o ambiente. Selecionar moldura. Iluminação. Etc. Claro que entra muito do gosto pessoal também. Enfim. Tenho catalogado minhas imagens de maneira mais organizada (facilmente tema para outro texto). E recentemente comecei a explorar com mais afinco o tema da natureza. Flores, para ser mais específico. Considero extremamente desafiador tirar fotos de flores de maneira “autoral”. E nos meus experimentos, comecei a testar a incidência lateral. Deu certo. Mais certo ainda foi eu conseguir acumular 4 imagens de incidência semelhante, todas em tons quentes.
Assim, surgiu uma “série” para enfeitar uma parede:
Optei pelo tamanho 50 cm x 37,5 cm (as fotos estavam na proporção 4:3, com orientação horizontal).
Escolhi a moldura. Um estilo que gosto, madeira escura em caixa alta, lateral interna pintada de branco.
Encomendei. A hora de buscar os quadros é um momento tenso. Uma avaliação rápida, e tudo parecia adequado.
As fotos impressas e emolduradas, prontas para ir para a parede:
Porêm, todos os penduradores estavam parafusados nas molduras na vertical, e não na horizontal conforme eu tinha encomendado.
Inicialmente, fiquei frustrado. Entrei em contato com o fornecedor, para reclamar. Olhei de novo para os quadros. E de novo. Deixei na vertical encostados na parede. E olhei mais. A cada vez que eu olhava, eu gostava mais das imagens. E assim, sem perceber, comecei a achar o máximo que elas funcionaram na... vertical!
Não tem como ser mais autoral, uma imagem tirada na horizontal e pendurada na vertical! Como disse o professor Maurício: arte popular é espontânea! E se mais nada, pelo menos será um belo tópico para quebrar o gelo quando eu contar essa história ao receber convidados.
O desacerto que trouxe nova perspectiva. Nota sobre o autor: Lucas Fiore fez seu primeiro curso na Foto Conceito em 2018 (básico + avançado). Desde então, já cursou os módulos de Flash, Book, Percepção Fotográfica e Vídeo, além de participar de dezenas de saídas fotográficas da escola. Tem em sua coleção particular muitos livros autorais dos seus fotógrafos prediletos, incluindo William Eggleston, Cartier Bresson, Robert Frank e Alex Webb. Iniciou sua prática com uma Canon T5i. Em seguida, sentiu que precisava de mais recursos e mudou para a Canon 80D. Em 2019, comprou seu primeiro equipo Mirrorless (M4/3), e desde então não voltou atrás. Hoje utiliza três equipos M4/3 (Olympus OMD EM10 Mk III, Panasonic GX9 e Panasonic G9, este último de maneira híbrida). Suas objetivas prediletas, para o sistema que usa (M4/3), são a Panasonic Leica 15mm 1.7 e a Panasonic Leica 25mm 1.4. Utiliza também a Ricoh GR II e a Pentax Q (equipos muito compactos, sendo o último a menor câmera de lentes intercambiáveis do mundo).
*As opiniões deste texto não necessariamente refletem as opiniões da escola.
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