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  • Lucas Fiore

O bloqueio criativo.

Atualizado: 4 de set. de 2023

Essa é uma situação comum à trajetória de todo fotógrafo. No começo, tudo é novo. Lindo. Cada situação, inédita. Inúmeras possibilidades. Testes. Erros. Acertos. Novidade. Uma delícia viver esta sensação de invencibilidade.

Contudo, à medida que o fotógrafo vai aprimorando sua técnica, seu portfólio, e suas referências, começa a aumentar o sarrafo que ele mesmo determina para seu trabalho. E com isso vem a dura realidade. De que é muito desafiador ser original. De que não é tarefa fácil criar imagens que perdurem o teste do tempo; De que é difícil sair da zona de conforto com “êxito”.

E ao deparar-se com esta “realidade”, nada mais natural o surgimento do bloqueio criativo. Do desânimo. Da insegurança.

Diante desta nova situação, o que fazer? Uma opção é desistir. E eu não falo isso de maneira leviana.

Se não há esse “fogo” interior, realmente é necessário reavaliar se vale a pena.

A arte é dolorosa. É complexa. Necessita de muito empenho e paixão.

É possível traçar um paralelo com os esportes. Observamos um atleta brilhando em quadra (a ponta do “iceberg”), e esquecemos da preparação (a parte submersa do iceberg). O jogador de basquete brasileiro Oscar Schmidt treinava 1000 arremessos todos os dias. Ele comentou que o apelido “mão santa” deveria ser “mão treinada”.

Se não há intenção em desistir, resta a outra opção: agir.

E o objetivo deste texto é propor algumas ações. Ações que funcionaram para quem vos escreve.

Deixo claro que cada pessoa é única, e evidentemente o que funciona para um pode não funcionar para outro. Mas não custa tentar.

O primeiro conselho é ter paciência. O bloqueio criativo costuma ser temporário. O simples ato de persistir na paixão pela fotografia será recompensado. Pode demorar dias, pode demorar meses. Mas ele passa. E eventualmente surgem novos interesses, novas inspirações.

O segundo conselho é expandir os conhecimentos, estudar. Aprimorar a técnica e as referências.

A melhora técnica é inevitavelmente acompanhada de melhora na autoconfiança. E as referências são cruciais para o fotógrafo entender o próprio estilo. O que funciona mais. Quais as áreas que ele tem mais vontade de atuar.

O terceiro, e na minha opinião o conselho mais valioso, é estimular a criatividade. E a melhor maneira é por meio de desafios (tipo lições de casa / projetos). Desafios ativam a nossa ambição. Nossa gana. Nossa vontade de superar.

Um exercício interessante é replicar fotos de fotógrafos que você admira. E após dominar a técnica, dar mais um passo e “temperar” a foto com o próprio estilo. Tentar elevar a foto de alguma maneira.

É interessante ter alguns projetos concomitantes (sendo assim, nunca estará limitado, uma vez que projetos podem depender de tempo disponível, das pessoas, das condições climáticas, e assim vai...). Estes projetos estimulam o olhar. Podem durar dias, semanas, anos, a vida inteira. Podem ser projetos sugeridos por outras pessoas, e projetos baseados em preferências pessoais. E desta maneira, mesmo passando pelos mesmos lugares, passa-se a observar os entornos de maneira completamente diferente.

Atualmente, estou com ao menos quatro projetos em andamento: - Detalhes de fachadas, tentando valorizar as cores, padrões, texturas, cortes inusitados, cultura dos bairros. Imagens esteticamente atraentes. Que não necessitem de grandes explicações. Que façam o observador ficar interessado.


Projeto “Fachadas”:



- Flores / plantas / natureza. Apesar de parecer fácil, é extremamente desafiador. Depende de muitas variáveis (iluminação, estação do ano, equipamento). Depois de centenas de fotos, aprendi a prever quais cores ficam melhores, até onde consigo estender o tratamento sem estragar a foto, melhores objetivas, enquadramentos, e etc. - Flores que já caíram de suas árvores, mas seguem com aparência exuberante, no asfalto e em outras superfícies. - Fotos com um equipo compacto que fica na minha mochila.


Projeto “Plantas”:

Deixo aqui algumas sugestões de projetos / exercícios (algumas já realizadas por mim):

- Objetiva fixa única em cenários repetidos (28mm, 35mm, 50mm, 70mm, 90mm). Cada objetiva gera resultados bem diferentes. - Testar equipo e objetivas novos. Testar equipamentos novos é muito prazeroso. Não precisa necessariamente comprar. Pode trocar com um amigo por um tempo limitado, ou alugar. A minha foto predileta tirada em 2022 foi com chuva intensa, utilizando uma objetiva chinesa manual. Em 2019 testei equipo micro 4/3, e deu tão certo, que virou meu sistema principal.

- Visitar bairros novos.

- Documentar viagens.

- Documentar cantos da casa em condições interessantes de luz. - Tirar fotos de carros antigos. - Tirar fotos na chuva. - Entrar em desafios de grupos fotográficos (no facebook, youtube, e etc). - Aventurar-se na astrofotografia. - Documentar assuntos que remetam uma cor (amarelo, vermelho, azul, verde, etc). - Documentar a beleza no banal.

Espero que eu tenha ajudado.

Bora fotografar? O bloqueio criativo.

Nota sobre o autor: Lucas Fiore fez seu primeiro curso na Foto Conceito em 2018 (básico + avançado). Desde então, já cursou os módulos de Flash, Book, Percepção Fotográfica e Vídeo, além de participar de dezenas de saídas fotográficas da escola. Tem em sua coleção particular muitos livros autorais dos seus fotógrafos prediletos, incluindo William Eggleston, Cartier Bresson, Robert Frank e Alex Webb. Iniciou sua prática com uma Canon T5i. Em seguida, sentiu que precisava de mais recursos e mudou para a Canon 80D. Em 2019, comprou seu primeiro equipo Mirrorless (M4/3), e desde então não voltou atrás. Hoje utiliza três equipos M4/3 (Olympus OMD EM10 Mk III, Panasonic GX9 e Panasonic G9, este último de maneira híbrida). Suas objetivas prediletas, para o sistema que usa (M4/3), são a Panasonic Leica 15mm 1.7 e a Panasonic Leica 25mm 1.4. Utiliza também a Ricoh GR II e a Pentax Q (equipos muito compactos, sendo o último a menor câmera de lentes intercambiáveis do mundo).

*As opiniões deste texto não necessariamente refletem as opiniões da escola.

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