.jpg){kind=logo}
Comprar equipamento fotográfico: será que vale mesmo a pena começar pelo "zero quilometro"?
- Lucas Fiore
- 26 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 1 de jul.
Adquirir equipamentos no Brasil é, no mínimo, uma tarefa trabalhosa. Enfrentamos uma série de obstáculos: a desvalorização da moeda, os altos impostos de importação, o pouco investimento das marcas no mercado nacional (com presença oficial apenas da Canon e Fujifilm), além de um mercado de usados inflacionado e extremamente heterogêneo.
São fatores que independem da vontade ou esforço do consumidor. Ou seja, qualquer pessoa que deseje comprar um equipamento inevitavelmente será impactada por essas variáveis.
Contudo, há um fator que pode — e deve — ser modificado: a inexperiência e a ansiedade do comprador.
E talvez a melhor analogia para ilustrar isso seja o mercado automotivo.
Ano após ano, novos modelos de carros são lançados, e com eles, os modelos anteriores sofrem desvalorização imediata.
Carros, assim como equipamentos fotográficos, não são investimentos financeiros: são ferramentas que atendem a uma necessidade específica, e que perdem valor tão logo saem da loja.
Ainda assim, o consumidor médio adora o carro "zero km", com o famoso "cheiro de novo" (uma fragrância artificial, aliás), garantias de fábrica e todo o pacote. Mas converse com qualquer entusiasta ou especialista da área, e ele provavelmente defenderá que comprar um carro usado, com boa procedência, é um negócio muito mais vantajoso.
Exige mais trabalho, é verdade — conhecimento técnico, paciência e capacidade de identificar boas oportunidades — mas compensa.
Para exemplificar, realizei uma pesquisa em 26/06/2025, comparando valores no site Digital Drive (carros novos) e no Webmotors (novos e usados).
Em São Paulo, o carro zero mais barato no Digital Drive é o Volkswagen Polo Track 1.0 MPI Flex Manual, por R$87.000.
Já no Webmotors, o Renault Kwid 1.0 Flex Manual aparece por R$69.990.
Ao verificar o que se encontra no mercado de usados por valores semelhantes, encontrei, por exemplo:
Pelo preço do Polo, um Chevrolet Tracker 20/21 automático 1.0 turbo, com 56 mil km rodados.
Pelo valor do Kwid, um Chevrolet Onix 20/20 automático 1.0 turbo, com 80 mil km.
A diferença de conforto, potência e recursos entre os modelos novos e usados é gritante — e os usados também contam com garantia.
Agora, vamos ao universo da fotografia.
A maioria dos fotógrafos iniciantes no Brasil começa com uma Canon de entrada, o equivalente aos modelos populares do mercado automotivo.
Hoje, os modelos mais populares são a Canon SL3 e a T7. No site oficial da Canon, a SL3 está esgotada, e a T7 com lente do kit custa R$3.600 (com desconto aplicado). Já no Magazine Luiza, a SL3 com a lente do kit sai por R$5.715.
São equipamentos voltados para iniciantes: construção mais simples, tecnologia básica de autofoco, funções limitadas, sensor mais antigo. A lente do kit, apesar de eficiente em algumas situações, é restrita em versatilidade.
Por outro lado, os equipamentos profissionais oferecem construção mais robusta, maior durabilidade e uma gama muito mais ampla de recursos. A tecnologia fotográfica, vale lembrar, não evoluiu tanto nos últimos anos — muitos modelos com mais de uma década ainda produzem imagens incríveis.
Naturalmente, conforme o fotógrafo evolui, surge a necessidade de equipamentos melhores. Quem começa com uma câmera de entrada, inevitavelmente terá que fazer upgrades.
E aí vem a provocação: Vale mais a pena investir em um equipamento “zero km” de entrada, ou em um equipamento usado de nível profissional?
Voltando à analogia: você prefere um carro pequeno com motor 1.0 aspirado e câmbio manual, ou uma SUV turbo automática, ainda que usada, pelo mesmo valor?
Um ótimo exemplo de equipamento profissional acessível é a Canon 5D Mark II — uma verdadeira lenda. Sensor full frame de 21 MP, ciência de cores excelente, corpo robusto e assistência técnica disponível no Brasil. Fabricada no final de 2008, ainda é uma ótima escolha.
Em uma busca rápida na aba “shopping” do Google, encontrei as seguintes opções (certamente tem muito mais em galerias da rua 7 de Abril):
R$2.000 (com 153 mil cliques),
R$2.530 (117 mil cliques),
R$3.059 (50 mil cliques),
R$4.080 (54 mil cliques, com acessório de bateria externa).
Também encontrei uma Canon 5D Mark III por R$5.440 (com 76 mil cliques). E uma lente Canon EF 50mm f/1.8, muito superior à lente do kit, pode ser comprada por menos de R$1.000.
Claro, existem dezenas de opções interessantes, de várias marcas (principalmente aceitando investir um valor maior que o de uma SL3/T7). É necessário pesquisar — mas o esforço será, com certeza, recompensado.
Enfim, fica o questionamento: você quer apenas começar a fotografar, ou já pretende começar com algo que realmente faz a diferença, pelo mesmo valor?
_____
COMPRAR EQUIPAMENTO FOTOGRÁFIO: SERÁ QUE VALE MESMO A PENA COMEÇAR PELO "ZERO KM"?
maquina fotográfica usada
Por Lucas Fiore.
Médico e fotógrafo amador.
Comments